São Paulo Eremita

São Paulo EremitaConsegue alguém viver completamente solitário por 90 anos, muitos deles enfurnado numa caverna e alimentado por um corvo? Com fé, consegue, sim. É o que mostra a história de São Paulo, o primeiro eremita, que morreu com 113 anos.

Nasceu em Tebaida, Egito, filho de pais cristãos de muitas posses. Ficou órfão aos 15 e herdou os bens, mas se desfez de tudo, dando parte à irmã e dividindo o restante com os pobres.

Tinha 23 anos quando ocorreu a terrível perseguição aos cristãos implantada pelo Imperador Décio. Perseguição tão implacável que foi empurrando Paulo cada vez mais fundo no deserto e, ali, ele parece ter encontrado a paz que queria para meditar e orar.

Abrigou-se sob uma solitária palmeira na areia escaldante, um raro local onde se podia encontrar água. Tirando da palmeira o que comer e usando suas folhas para se vestir, ali ficou até os frutos não mais germinarem. Internou-se então numa caverna, onde terminou seus dias.

Para alimentá-lo, contam os escritos que Deus enviou um corvo, que lhe levava pão todos os dias. Contam também que daquele dia em diante, o único rosto humano que voltou a ver foi o do também eremita Santo Antão, ainda assim só nas horas finais da vida.

Segundo o que se sabe sobre o episódio, seja ele verídico ou lendário, é que Santo Antão se considerava o homem mais velho do mundo, além de o mais solitário.

Um dia, fugindo de lobos no deserto, abrigou-se na caverna onde se deparou com Paulo, que dele se escondeu. Abismado, orou até que São Paulo resolvesse aparecer.

Chamaram-se pelo nome e conversaram como se já se conhecessem há tempos. Santo Antão deu ao eremita o manto que havia recebido de Santo Atanásio, e foi este o sudário que envolveu seu corpo quando foi sepultado.

Segundo os registros de São Jerônimo, tinha então 113 anos de uma vida inigualável.


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